Lojinha

Diogo Hartuiq Debarba
2 min readJul 10, 2021
Uma lojinha meio torta para a direita.
Lojinha — Diogo Hartuiq Debarba — Foto de @Kaká

Eu vivia muito com minhas primas quando era criança, não sei se já lhes contei isso, acredito que sim, é que meus primos ou eram velhos demais ou muito mais novos do que eu. Eu e essas primas e também minha irmã fazíamos vendinhas na garagem.

Teve um dia que fechamos uma boa venda, era um coelhinho que ficava dentro de uma caixinha de pendurar na parede feita de palito de picolé, se me lembro era azul e pequeno do tamanho de uma mão, a quantia foi dois reais, naquela época dois reais era muita coisa na mão de crianças, nós dividimos e compramos um monte de doces, e um monte mesmo, chips, balas, chocolates, lembro que tinha chips de dez centavos, e balas de um centavo e chocolates e caramelos de dez. Foi um senhor que nos comprou, ele morava na rua de cima lá quase perto da pista, ele não queria comprar, mas fomos bons vendedores e o convencemos que era uma boa compra e então ele levou.

Além de senhores e senhoras também vinham crianças na nossa vendinha, os vizinhos vinham curiosos querendo saber o que a gente tinha pra vender, e tínhamos de tudo, brinquedos velhos, brindes de sacolinha de aniversário, até mesmo doces que vendíamos mais caro para comprar mais, e coisas que achávamos, eles vinham com suas moedinhas e gostavam de pechinchar bastante, mas a gente sempre ganhava, minhas primas eram boas na lábia e não eram de mudar de ideia, era um valor e você ou levava por ele ou mais caro, mas às vezes fazíamos desconto se você levasse muitas coisas de uma só vez, isso era difícil acontecer, nós crianças só tínhamos moedinhas naquela rua.

Às vezes eu vendia sozinho, um outro compartimento daquela loja que ficava no portão menor, quando minhas primas não estavam, e eram os meninos vizinhos que vinham comprar umas arminhas de lançar água ou uma miniatura de um pokémon que vinha no refrigerante juninho.

Nossas lojas não cresceram, ao invés disso, nós crescemos e não queremos mais saber de ter loja, acho que nem um de nós pelo que visualizo agora está dentro de uma, eu cheguei a ser vendedor de outras coisas e uma de minhas primas também, mas logo largamos, não sou muito chegado a vender, mas faço o serviço quando é preciso, possivelmente a base veio dessas lojinhas de nossa infância que nos ensinou a lidar com os clientes reclamões.

--

--

Diogo Hartuiq Debarba

Eu? Uns tantos, Um tanto de literatura, Um tanto de pintura, Um tanto de palhaço, Um tanto de música, Um tanto de tecnologia, Mas também paro, Para ser nada